quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Adolescentes

Adolescentes na Finlândia são iguais aos adolescentes do mundo todo.Eles tem espinhas, mudanca de humor, andam em bandos e em diferentes tribos. Tem o mauricinho ( que joga Golf), tem o roqueiro ( que usa preto e curte Nightwish), tem o atleta( que joga hóquei no gelo e tudo mais), enfim, tem de tudo.Até o suicida, sim, talvez esse grupo seja uma particularidade do país. Jovens que se reunem com princípios suicidas. ás vezes você olha aquele moleque todo vestido de preto e com correntes penduradas nas calcas na biblioteca,e quando vai ver o livro que ele está lendo, é poesia e romance!! Não dá para julgar um livro pela capa né? Mas justamente por não entender a cabeca de adolescentes ( muito menos finns)eu me apavorava com a idéia da MINHA filha virar uma.Well, isso seria inevitável não? Pois bem, ela já tem 15 anos e é adolescente,9 meses atrás ela veio com uma conversinha besta sobre estar gostando de um garoto na escola. (Meu Deus, eu não queria ter aquela conversa, pára o mundo eu quero descer, eu não queria que ela estivesse gostando de um menino na escola, mas que coisa, ela era tão novinha e etc...)
De repente me dei conta, Deus, eu sou a mamãe!! Não, não sou. Foi aqui que decidi: "Ok, Fernanda, então falemos obre o objeto de desejo em questão!" Tivemos aquele papo, afinal amiga a gente sempre foi ( mas eu sou mãe antes, tá claro??)
O menino veio aqui em casa, oficializamos a coisa. E agora eles já estão namorando há 9 meses. Os dois são bem tímidos e bem tranquilos e ambos tem muitos hobbys, o que faz que se vejam na escola ou aqui em casa. Eu brinco que tenho um namorado de 15 anos, pois ele me adora. A Fernanda odeia que eu vá no cinema  com eles, ele acha legal, manda até me chamar. ( Não eu não sento entre os dois, apesar de ter estado no primeiro encontro deles e dividimos o sorvete em 3). Definitivamente ter um finlandês andando pela casa  e me chamando de "meu sogrinha" não estava nos meus planos.Agora de tanto ver a Fernanda me chamar de mãe, ele me chama de mãe. Então ele vai ganhar de natal um livro do meu amigo Tommi Ingalsuo ( autor de gramatica portuguesa para finlandeses) e eu vou ensinar português para esse garoto. Claro que o fato dele ter feito balé me tranquiliza ( ele parou agora,pq aos 15 anos, os amigos adolescentes comecam a ficar muito cruéis , se é que vcs me entendem.). Mas continua com o basquete ( algo mais másculo e aceitável para os amigos.) e com a  musica. A Fernanda também faz piano e agora mostra interesse nos esportes ( coisa que antes era um verdadeiro parto fazer ela se mexer.).
Uma coisa que observei é que ela compete com ele na escola.Como ele é da sala de tecnologia e ela da sala normal, ela fica querendo tirar notas maiores ou iguais as deles. Isso é bom? Talvez não.
As finlandesas desde cedo aprendem sobre a igualdade entre homens e mulheres ( "tasa-arvo is coo,legal"),mas a grande maioria toma isso de forma meio agressiva, tipo, eu sou mulher e faco tudo igual ou melhor que você quer ver? E aí sai atropelando o marido, o namorado, qualquer ser masculino que esteja por perto.
Eu já falei para Fernanda que competicão tem que ser legal, saudável. Quer ter notas legais, acho ótimo.Mas sem essa de tentar superar, ou querer ser melhor e olhar para ele e falar: "Ei, olha só, eu sou melhor que você nisso!!"
Tem que ser boa, ótima no que se faz, mas caminhar junto com ele do lado, nem em cima, nem embaixo.Do lado, como parceiros fazem. E se é boa, não precisa falar, os outros reconhecem ( ou não)e ponto.Espero que ela entenda isso desde já. No mais, ambos são bons alunos. E eu estou feliz que ela não tem um namorado louco, roqueiro, maconheiro ou suicida :).
E assim caminha a humanidade.

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