quarta-feira, 30 de maio de 2012

Velha e fresca

"Envelhecer é uma merda!" Já disse uma vez aquela sábia poetisa Ayla Huovi ( cof,cof). Aos 15 anos eu tinha uma mochila para ir á escola que continha basicamente livros e canetas e uma bolsa para ir no clube que tinha toalha e protetor solar APENAS. Aos 25 anos, eu tinha uma bolsa para ir ao trabalho que tinha um pó, um batom, dinheiro, celular e documentos e só. Aos 34 anos minha bolsa só não tem minha mãe. É um Deus nos acuda!! Afinal a gente nunca sabe quando um imprevisto pode acontecer, né?? Algo do tipo: Ter vontade de transar no elevador no horário de almoco e etc...



Ontem dei uma geral e dividi a  bolsa em departamento de beleza, seguranca, e comunicacão. Agora estou salva e organizada. Como aqui na Finlândia o tempo varia o tempo todo, tenho creme para mão sempre comigo, hidratante para os lábios, desodorante, crachá, remédio para dor de cabeca, dicionário, canetas, kit de unha, kit de costura, cartões de créditos e de visita, balinhas, pente, vale refeicão.Meu Deus, é duro ficar velha e dependente de tanta coisa :)

P.s: O lance de transar no elevador como um exemplo de imprevisto, é na verdade pura mentira.Casei há 8 anos atrás, esse tipo de coisa eu deixo para os solteiros cheios de paixão. Mas foi legal pensar nisso :)

domingo, 20 de maio de 2012

Festa Brasileira em Kouvola?

Qual não foi minha surpresa quando minha filha me diz que ia ter uma festa brasileira em Kouvola na sexta e no sábado. Fiquei super feliz, afinal em 6 anos de Finlândia, eu nunca tinha ido á uma festa brasileira, nunca tinha ouvido uma banda cantar em português ( até fui no festival de vinho ano passado, mas não consegui ver o show). Na sexta eu implorei para o Ismo ir comigo e acabamos não indo, no sábado eu pedi de novo e ele ia meio que emburrado mais ia, eis que na ultima hora minha amiga ( Sini) me liga   e fala que ia comigo. Logicamente Ismo ficou feliz em ir dormir cedinho. Uma paradinha básica num barzinho de rock e depois fomos ver o show.
Chegando no bar do hotel ( o show ia ser no hotel), de cara eu vi que estava vazio, minto, tinha exatamente 12 pessoas, eu fiquei chocada! Não entendi o pôrque de tão pouca gente, tenho certeza que nenhum dos meus alunos sabia que ia ter essa festa, pois eles sempre me avisam de tudo. Bom, fazer o que? Fiquei e curti muito. A banda era boa, os músicos experientes, ótimos vocais ( por sinal a vocalista é linda!) e ótimas dancarinas e bonitas também. Eu era a única brasileira lá ( oh!! surpresa). Bebi brahma ( não que eu sinta falta, na verdade nem sinto, mas bebi) ensinei o barman a fazer caipirinha ( e fiz a minha própria), embebedei a Sini ( Oh, surpresa!). Enfim tive uma noite completamente anormal mas muito divertida, foi lindo ouvir português.
Depois do show acabei conversando com os musicos ( Oh, surpresa!) e depois que vi que todo mundo ( ou quase) era muito gente boa também, meu coracão até se partiu de ver um publico tão pequeno para uma banda com tanto talento. Mas deixei avisado em uma próxima vinda a Kouvola eu serei a marketeira deles e não é porque eu quero ser legal não ( nem preciso disso), mas é porque acho de suma importância divulgar minha lingua, minha cultura por aqui, na próxima vez EU garanto o bar vai estar LOTADO.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Criancas Bilingues

A Julia chega da escola toda feliz e diz: "Mãe tem uma pretinha na minha escola!!" A Julia que não está acostumada a ver pessoas negras por aqui, ficou toda feliz em ver alguém que não é branco de olho azul, mas eu com medo dela chegar no Brasil falando: "Mãe, olha aquele pretinho ali!!" Fui logo dizendo que no Brasil, as pessoas negras a gente chamada de afro decendente.Horas depois, quando a gente estava pintando no quarto dela eu escuto a frase: "Mãe, me passa o afro decendente que tá ali".
Não, Julia, esse é preto mesmo!. Mãe, mas vc falou que não podia dizer preto. Ok Julia esquece essa coisa de afro decendente, é preto e ponto.
Depois do ocorrido, me peguei pensando, o racismo é uma babaquice, chamar negro de afro decendente também é uma babaquice. Uma grande amiga minha ( e bota grande nisso!) é negra e eu só chamava ela de crioula. Era crioulinha para cá, para lá, "Fala crioula!!" Ela nunca se ofendeu com isso. Se eu chamasse ela pelo nome ela ficava nervosa. E eu sempre chamei de um jeito carinhoso. Mas o engracado era, que quem estava de fora ouvindo se ofendia muito mais do que a própria. Vai entender a sociedade?

sábado, 12 de maio de 2012

Limpando a vida

Agora que grandes futuras realizacões foram deixadas de lado, me satisfaco com pequenas bobeiras do dia a dia. Me dou por feliz por exemplo de achar um produto que cumpre o que promete. Explicando:
Moro em uma casa branca. Sim, sou clean. Minha casa é branca e com pouquissimos móveis, sou adepta do: "tenho o que preciso para viver e não preciso de muito ( mas incluam nisso os cremes da Lâncome e perfumes channel :)". Moramos nessa casa construida por nós há 3 anos e meus azulejos comecaram a ficar amarelos e feios. Tentei de tudo que o santo google me mandou: Vinagre, alcool, soda, rezei, chorei e quando já estava pensando em trocar meus azulejos brancos por qualquer outra cor, eis que encontro esse produto:

Sabe aquela propaganda que você jura que é mentira? Então, esse aí funciona! Quase tive um orgasmo quando joguei o spray e 15 minutos depois vi os azulejos ficando brancos novamente. Antes de que vocês pensem que eu não limpo minha casa, gostaria de dizer que quem me conhece sabe que minha casa sempre está impecável ( tenho TOC e daí?). Mas azulejo é foda né? Eu nunca suportei a idéia de ficar esfregando parede. Obrigada aos químicos, pela graca condedida. Para as brasileiras na Finlândia, aviso logo: Não tem no LIDL, mas no PRISMA, City market, Hong Kong dá para achar e custa em média 6 euros, e é um spray. Ou seja coloca no azulejo e deixa lá por uns 15 minutos depois só jogar agua e pronto. Eu ainda dei uma esfregadinha (tamanho era o tesão!!). Recomendo.





sexta-feira, 4 de maio de 2012

Tentacões e chifre em cabeca de cavalo

Apesar do titulo enfadonho e suspeito, eu não escreverei sobre traicões e triângulos amorosos. O assunto é TRABALHO.
Eu até gosto de trabalhar, ás vezes demais ás vezes de menos. No momento eu tenho 3 empregos, dou aulas de português em escolas técnicas, sou interprete free lance e assistente de projeto em uma empresa de engenharia. Apesar de 3 empregos, não tenho uma carreira, trabalho pelo dinheiro e ponto. Os contratos são sempre de 6 meses ou 1 ano. Depois é aquela pergunta que me faco: Será que terei emprego ano que vem? Bom, até o verão chegar eu estarei trabalhando e muito estressada, porque trabalhar com Finlandeses requer um certo "tato", e são 3 empregos diferentes ( em outras linguas) mas que preciso me preparar de diferentes formas para todos eles. Se vou dar aulas, preciso revisar e prepara -las. Se vou traduzir, preciso estudar a nomenclatura do tema e ler sobre o assunto que deverá ser traduzido ou interpretado. E no escritorio, basicamente, tenho que estar a disposicão de pessoas loucas, pessoas legais, pessoas calmas e seres estressados. Relatórios, telefonemas, emails, reuniões relâmpagos e por aí vai.
Fato é que, meses atrás quando eu não sabia se teria emprego ou não, resolvi participar de uma selecão dentro de uma grande empresa  no Brasil ( virtualmente), eis que recebo o email falando que fiquei entre 3 finalistas ( 500 pessoas buscaram essa vaga) mas a entrevista seria em Londres. A tentacão bateu forte. Eu que sempre quis ter uma careirra aqui e até agora nada, estava com a possibilidade de voltar ao Brasil e numa posicão digna, com um salário bacana. Guardei segredo disso ( até agora). Pensei semanas, rezei, pedi orientacão, enfim, era o que eu queria, pensei até em me mudar com as meninas um tempo para o Brasil, só para sentir a satisfacão profissional.
Mas aí veio o amor. Putz, essa coisa que deixa a gente boba e feliz. Saberia eu viver sem Ismo? Não. Ele largaria o emprego dele aqui para ser infeliz comigo no Brasil e passar por todas as crises que eu já passei por aqui sendo uma estrangeira? NÃO.Saberia eu viver com o medo dele ser sequestrado por ser tão galego? NÃO.
Mas aí veio as questões, pq eu passei por todos os processos? Pq me foi dada a oportunidade? Porque eu pedi. Eu quis de todo meu coracão voltar para o Brasil, e ter uma carreira de novo nas mãos. Vai ver que eu chegando lá nem conseguia a vaga, enfim. Foi uma batalha interna. Quando a gente tem uma família e um amor, a gente percebe que a prioridade muda de foco :(.
E isso é duro para mim. Duro pois sou orgulhosa, sou egoista e sou teimosa. Duro pq tenho que engolir todo meu orgulho, minha ambicão, meu egoismo e minha teimosia. Duro pois não tomei uma decisão e fiquei feliz ( como eu fiz quando decidi mudar para cá). mas tomei uma decisão baseada no que seria melhor para minha familia.
Espero que quando minhas filhas estiverem grandes e cada uma com sua vida, Deus me dê a oportunidade de pensar mais em mim.
TÁ NA HORA DE PARAR DE BUSCAR CHIFRE EM CABECA DE CAVALO.